quinta-feira, 28 de junho de 2012

Programação Oficial: Mostra de Cinema Africano na Casa de Leitura Lya Botelho


     Com o Apoio Cultural da Embaixada da França no Brasil, do Institut Français e da Cinemateca da Embaixada da França, a Casa de Leitura Lya Botelho, de Leopoldina, apresenta, de 8 a 14 de julho a Mostra de Cinema Africano "ÁFRICA: UM OUTRO OLHAR".

     Serão 8 filmes de produtores, diretores, roteiristas, técnicos e atores africanos, distribuidos em 7 dias de exibição, numa amostragem da produção cinematográfica africana "de raiz". O desconhecimento que temos dessa produção, seja pelo desinteresse dos distribuidores internacionais que dificulta o acesso às obras, ou devido a uma cinefilia "viciosa" pela produção norte-americana ou européia, poderá ser amenizado nessas sessões diárias que a Casa de Leitura promoverá no mes de julho, sempre às 19:30h.

     Abordando temas como as tradições, os costumes, os aspectos religiosos, a presença da guerra civil, histórias de sonhos e esperanças, a mostra reúne exemplos do trabalho de diretores como Zezé Gamboa "O Herói"), homenageado pelo FESTIVAL CINEPORT (produzido pela Fundação Ormeo Junqueira Botelho), à Flora Gomes, com sua delicada e divertida "Nha Fala".

     Essa Mostra faz parte das atividades paralelas pertinentes ao Módulo 1: "A presença do Negro no desenvolvimento sócio, político, econômico e cultural de Leopoldina", do PROJETO MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: LEOPOLDINA-MG que a Casa de Leitura Lya Botelho vem desenvolvendo junto às escolas da rede pública e particular de ensino e aberta a toda a comunidade. No mês de Junho foi exibida a Mostra "O Negro no Cinema Norte-Americano", com uma seleção de filmes que pudessem traduzir a imagem do negro na sociedade norte-americana, interpretada pelo cinema daquele país. Em Julho, com essa Mostra "ÁFRICA: UM OUTRO OLHAR", buscamos filmes que proporcionassem, não apenas uma comparação entre origens, mas uma imersão dentro da estética e da linguagem de autores e artistas africano, falando deles mesmos, narrando suas histórias e assim nos permitindo vivenciar um pouco da vida naquele continente.

     Abaixo, a Programação da Mostra "ÁFRICA: UM OUTRO OLHAR":
  • domingo, 08 de julho: NHA FALA (diretor: Flora Gomes)
  • segunda-feira, 09 de julho: DRUM (diretor: Zola Maseko)
  • terça-feira, 10 de julho: O HERÓI (diretor: Zezé Gamboa)
  • quarta-feira, 11 de julho: O PREÇO DO PERDÃO (diretor: Mansur Sora Wade)
  • quinta-feira, 12 de julho: EM NOME DE CRISTO (diretor: Roger Gnoan M'bala)
  • sexta-feira, 13 de julho: BUUD YAM (diretor: Gaston Kaboré)
  • sábado, 14 de julho: COURTS DE RECRÉ e IMPRESSÕES DA ÁFRICA
    
     SERVIÇO:
     Quando: de 8 a 14 de julho de 2012
     Horário: sempre às 19:30h
     Onde: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4  /  Leopoldina-MG)
     Entrada franca
     Censura: confirmar a cada filme pelo telefone (32) 3441-2090


     APOIO CULTURAL: 



   APOIO, REALIZAÇÃO E PATROCÍNIO:







segunda-feira, 25 de junho de 2012

África: um certo olhar



     O PROJETO MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: LEOPOLDINA-MG iniciado há apenas uma semana vai crescendo, tomando forma e se tornando conhecido da população de Leopoldina,MG.

     Resgatar o patrimônio é fazer notar o que a cidade e o município possuem de mais significativo para os seus cidadãos, bem como destacar o que cria a identidade de uma comunidade. Preservação, resgate, conservação, tombamento, bens culturais, memória oral são algumas das palavras e expressões usadas quando o assunto versa sobre tudo aquilo que forma um "retrato" da evolução histórica de uma cidade, dos seus habitantes, do seus costumes, suas festas, seus monumentos e casas, tudo, enfim, que os fazem orgulhosos do local onde vivem.

     Tradição também é um dos aspectos importantes quando se busca identificar o que deve, acima de tudo, ser preservado. Isso não significa uma atitude retrógrada ou um comportamento arcaico, mas uma tomada de consciência das raízes comuns que nos dão o sentimento de "pertencermos" a uma família, um grupo social, uma etnia, religião, um pedaço de terra.

     O PROJETO MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: LEOPOLDINA-MG, desenvolvido pela Casa de Leitura Lya Botelho, com o apoio da Fundação Ormeo Junqueira Botelho e o patrocínio da ENERGISA, visa envolver os alunos das escolas públicas e particulares, bem como toda a população local, nesse reencontro com suas raízes, suas tradições, sua verdadeira identidade através do reconhecimento dos bens materiais e imateriais que compõem Leopoldina em seus aspectos mais simbólicos.

     O Projeto, dividido em 5 partes, iniciou seu 1º Módulo, que versa sobre a presença e a participação do Negro na construção e desenvolvimento sócio, econômico, político e cultural de Leopoldina, com uma Mostra de filmes denominada "O Negro no Cinema Norte-Americano", quando 6 filmes considerados clássicos sobre a participação do Negro na sociedade norte-americana, foram exibidos.

     Para o mês de julho, entre outras atividades relacionadas aos aspectos da cultura afrobrasileira, acontecerá a Mostra "ÁFRICA: UM CERTOOLHAR", com uma seleção de filmes produzidos no continente africano, dirigido e atuado por africanos, sobre temas africanos. Não é, portanto, um olhar eurocêntrico sobre o chamado Continente Negro, mas a visão dos artistas locais sobre seus valores, sua cultura, seus problemas e as maneiras usadas na superação dos mesmos.




     Durante a semana de 8 (domingo) a 14 (sábado) de julho, sempre às 19:30h, a Casa de Leitura Lya Botelho estará exibindo 7 filmes de fição escritos, dirigidos e atuados por africanos de países diversos que proporcionarão um maior contato e uma  melhor visão sobre o cinema produzido naquele continente e os assuntos que mais impressionam e incentivam os seus artistas narrarem.   


     Necessário se faz agradecer o generoso apoio da Embaixada da França no Brasil, do Institut Français e da Cinemateca da Embaixada da França, através do seu responsável, Sr. Thomas Sparfel, que generosamente cederam os filmes para que fossem exibidos. Os agradecimentos da Casa de Leitura Lya Botelho se estendem também à ENERGISA, uma empresa interessada na mais ampla promoção da cultura e do seu acesso a todos. À Fundação Ormeo Junqueira Botelho, através de sua presidente, Sra. Monica Pérez Botelho, pelo constante apoio e incentivo às ações elaboradas pela Casa de Leitura Lya Botelho, o nosso muito obrigado.


SERVIÇO:
O que: Mostra de Cinema Africano "ÁFRICA, UM CERTO OLHAR"
Quando: de 8 a 14 de julho de 2012
Horário: 19:30h
Onde: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / Leopoldina-MG)
Entrada Grátis
Censura: favor confirmar a cada dia do evento

sábado, 23 de junho de 2012

Faça a coisa certa: confrontos e ajustes na tela do cinema


"FAÇA A COISA CERTA" (Do the right thing), do diretor negro norte-americano Spike Lee encerra, neste sábado, dia 23 de junho, a Mostra "O Negro no Cinema Norte-Americano", da Casa De Leitura Lya Botelho de leopoldina-MG.

A Mostra, que exibiu 6 filmes considerados "clássicos" por sociólogos e crítica especializada, dentro da abordagem que o cinema proporcionou com a questão racial, deixa um saldo positivo, tanto em termos de audiência, como na qualidade das discussões posteriores às exibições.

"FAÇA A COISA CERTA", cuja história tem como cenário o Harlem, bairro novaiorquino onde a maioria da população é predominantemente negra, Buggin' Out, um ativista, exige que Sal, um dono de uma pizzaria, troque as fotos de seus ídolos brancos do local por fotos de ídolos negros. Quando tem seu pedido negado, o ativista passa a organizar um boicote contra a pizzaria de Sal.

SERVIÇO:
Filme: "Faça a coisa certa", com Spike Lee e Danny Ayello
Quando: sábado, dia 23 de junho de 2012
Horário: às 19:30h
Local: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / Leopoldina-MG)
Entrada grátis
Censura: 16 anos

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Quando o discurso "politicamente correto" conflita com os próprios interesses: "Adivinhe quem vem para o jantar"


"ADIVINHE QUEM VEM PARA O JANTAR" (Guess who's coming to dinner) é um filme de 1967 que é um macro sobre as questões de miscigenação racial no casamento.

Joanna (Katherine Houghton), a bela filha de um editor liberal, Matthew Drayton (Spencer Tracy) , e sua esposa aristocrata (Katherine Hepburn), retorna para casa com seu novo namorado Joh Prentice (Sidney Poitier), um ilustre médico negro. Cristina aceita a decisão da filha de se casar com John, mas seu pai está chocado com essa união inter-racial; bem como os pais do médico. Para acertar as coisas, ambas as famílias devem sentar-se frente a frente e examinar os seus níveis de intolerância.

Neste filme, o diretor Stanley Kramer criou um estudo magistral dos preconceitos sociais.

O filme, que será exibido hoje, dia 22 de junho às 19:30h na Casa De Leitura Lya Botelho, faz parte da Mostra "O Negro no Cinema Norte-Americano", do Módulo 1 (A participação do Negro no desenvolvimento sócio, político, econômico e cultural de Leopoldina) do PROJETO MEMÓRIA E PATRIMONIO: LEOPOLDINA-MG,  que tem o apoio da Fundação Ormeo Junqueira Botelho e o patrocínio da ENERGISA.

SERVIÇO:
Filme: "Adivinhe quem vem para o jantar", com Sidney Poitier, Katherine Hepburn
Quando: hoje, dia 22 de junho
Horário: 19:30h (pontualmente!)
Onde: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / Leopoldina-MG)
Entrada grátis
Censura: 14 anos

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sonhos & Enganos: "O sol tornará a brilhar", na Mostra "O Negro no Cinema Norte-Americano"


Os sonhos podem fazer valer a pena viver, mas eles também podem ser estilhaçados por decisões erradas. Esta é a encruzilhada em que se encontra a família Younger quando seu pai morre e recebem US$10.000 do seguro de vida. Será que devem comprar uma casa nova para a família? Talvez uma loja? Ou pagar pela escola de medicina? Apesar da escolha ser difícil, a vida no lado sul de Chicago na década de 1950 é mais difícil ainda.

Esse é o enredo de "O SOL TORNARÁ A BRILHAR" (A raisin in the sun), filme que será exibido hoje, quinta-feira, às 19:30, com entrada grátis e censura 16 anos, na Casa De Leitura Lya Botelho, em Leopoldina.

Este filme é um dos integrantes da Mostra "O Negro no Cinema Norte-Americano", que integra o conjunto de eventos do Módulo 1 (A Importância do Negro no desenvolvimento sócio, político, econômico e cultural de Leopoldina) do PROJETO MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: LEOPOLDINA-MG que a Casa de Leitura Lya Botelho desenvolve, com o apoio da Fundação Ormeo Junqueira Botelho e o patrocínio da ENERGISA.

SERVIÇO:
Filme: "O sol tornará a brilhar", com Sidney Poitier
Quando: quinta-feira, 21 de junho de 2012
Horário: 19:30h
Local: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / Leopoldina-MG)
Entrada grátis
Censura: 16 anos

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A busca da verdade: "Mississipi em Chamas"


     Nesta quarta-feira, às 19:30h, estará sendo exibido, na Casa De Leitura Lya Botelho, o filme MISSISSIPI EM CHAMAS (Mississipi Burning) que conta a história (verídica) acontecida em 1964, no estado do Mississipi, um dos mais preconceituosos estados do sul dos Estados Unidos.

      Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), dois agentes do FBI, investigam a morte de três militantes dos direitos civis em uma pequena cidade onde a segregação divide a população em brancos e negros e a violência contra os estes últimos é uma tônica constante. 


     Durante o Verão da Liberdade, em que estudantes universitários do norte dos Estados Unidos partiram para o sul segregacionista na missão de inscrever os negros para eleição, três jovens ativistas dos "Direitos Humanos" desaparecem misteriosamente. Dois agentes federais, um recém-formado, interpretado por Willem Defoe e outro veterano do sul, feito por Gene Hackman, são designados para desvendar o caso. No dia anterior à sua chegada, havia sido incendiada uma igreja onde os negros congregavam, e ao chegarem na cidade, durante a investigação, puderam perceber o racismo que exalava dos brancos e subjugava à força os negros. Estava infiltrado na Polícia local, na igreja, em todos os lares.

      Este filme faz parte da Mostra "O Negro no Cinema Norte-Americano", que acontece nesta semana na Casa de Leitura Lya Botelho, dentro do Módulo 1 ("A Contribuição do Negro na vida sócio, política, econômica e cultural de Leopoldina") do PROJETO MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: LEOPODINA-MG.

SERVIÇO:
Filme: "Mississipi em Chamas", com Gene Hackman e William Dafoe
Quando, hoje, dia 20 de junho, quarta-feira
Horário: 19:30h
Local: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / Leopoldina-MG
Entrada Grátis:
CENSURA: 16 ANOS ( A Coordenadoria da Casa de Leitura Lya Botelho se reserva o direito de solicitar documento de identidade original para a comprovação de idade)

terça-feira, 19 de junho de 2012

"Histórias Cruzadas, na programação da Mostra "O Negro no Cinema Norte-Americano"


     Dentro da programação cinematográfica do Módulo 1 ("A participação do Negro na construção sócio, política, econômica e cultural de Leopoldina-MG) do PROJETO MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: LEOPOLDINA-MG que a Casa De Leitura Lya Botelho vem desenvolvendo, apresentaremos, na noite desta terça-feira, 19 de junho, às 19:30h, o filme "HISTÓRIAS CRUZADAS" (The Help), que estreou nas telas brasileiras em fevereiro deste ano.

     Baseado em um dos livros mais badalados há anos e fenômeno n°1 em vendas de todos os tempos do New York Times, "Histórias Cruzadas", filme estrelado por Emma Stone ("A mentira") como Skeeter, com a indicada ao Oscar, Viola Davis como Aibileen e Octavia Spencer como Minny, mostra três diferentes mulheres extraordinárias no Mississipi durante os anos 60 que constroem uma improvável amizade devido a um projeto literário secreto que abala as regras da sociedade, colocando-as em perigo.

     De sua improvável aliança surge uma incrível irmandade, criando em todas elas a coragem para transcender os limites que as definem e a conscientização de que às vezes esses limites existem para serem ultrapassados, mesmo que isso signifique fazer com que todas as pessoas da cidade encarem os novos tempos.

     Intensa, cheia de pungência, humor e esperança, "HISTÓRIAS CRUZADAS" é uma história eterna e universal sobre a capacidade de criar mudanças.


SERVIÇO:
Filme: "Histórias Cruzadas" (The help), com Viola Davis
Quando, hoje, terça-feira, 19 de junho
Horário: 19:30h (senhas serão distribuidas a partir das 19:00h)
Onde: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / Leopoldina-MG)
Entrada Gratuita
Censura: 14 anos

Começa a Mostra "O Negro no Cinema Norte-Americano"

    
 
     Começou ontem, dia 18 de junho, a Mostra "O NEGRO NO CINEMA NORTE-AMERICANO", parte integrante do Módulo 1 ("A participação do Negro no desenvolvimento sócio, político, econômico e cultural de Leopoldina-MG") do PROJETO MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: LEOPOLDINA-MG que a Casa de leitura Lya Botelho, com o apoio da Fundação Ormeo Junqueira Botelho e patrocínio da ENERGISA, está iniciando.

     Esse Projeto, planejado para ser realizado em 5 semestres, abordará diversos aspectos e focos de interesse da formação da cidade de Leopoldina-MG. 

     O Módulo 1 (1º Semestre) foca na presença do Negro como elemento constituinte da nossa cultura e história. Sua inegável colaboração para o progresso da cidade e da região será registrada, e temas e sub-temas, pelos alunos dos cursos de Nível Médio da rede escolar do município. Enquanto esse rico acervo é coletado, todos os alunos das escolas públicas e particulares de Leopoldina e seus distritos estarão participando de grupos de leitura, de oficinas e demais atividades sempre ligadas ao estudo, resgate e valorização da cultura negra.

     Numa demonstração de interesse e de como é importante a participação da sociedade em projetos que abordem a sua história, estiveram lotando a sala de exibições da Casa de Leitura Lya Botelho, na noite de ontem, os alunos do Curso Técnico em Comércio, da Rede DOCTUM/ Tec de Cursos Profissionalizantes. Liderados pelo professor da disciplina de Ética e Responsabilidade Social, Túlio Augusto Bastos, levaram para um posterior debate, as questões mais marcantes desse excelente filme norte-americano: a ética, o preconceito, a intolerância, o medo, a dificuldade em aceitar as diferenças, o repúdio social.

     É exatamente com esse intuito, o de estabelecer condições para um debate sobre as questões que permeiam as relações humanas, que a Casa de Leitura Lya Botelho procura viabilizar o acesso à informação, às novas e possivelmente diferentes maneiras de analizar-se situações, à desconstrução de ideologias e conceitos pré-concebidos, utilizando-se, para tanto, do recurso do cinema.
 
     "O SOL É PARA TODOS" (To kill a Mokingbird) baseado num famosos bestseller, narra a luta travada por um advogado de uma pequena e pacata cidade do Sul dos Estados Unidos, que recebe a tarefa de defender um homem negro injustamente acusado de ter estuprado jovem branca. Ainda que todas as provas e evidências inocentem o acusado, Atticus, o advogado tem que enfrentar todo o preconceito de uma sociedade injusta, hipócrita, cruel e imoral.

Baseado num romance de Harper Lee, "O SOL É PARA TODOS" é um excelente filme de tribunal. Realizado em 1962 pelo cineasta Robert Mulligan, o filme apresenta, sob a ótica de duas crianças, preceitos básicos como a ética e a dignidade.
 
A Mostra "O NEGRO NO CINEMA NORTE-AMERICANO" continua até sábado, dia 22 de junho, todas as noites às 19:30h, na sala de exibições da Casa de Leitura Lya Botelho.
 
Devido ao número limitado de lugares (25), a Coordenação da Casa de Leitura Lya Botelho estará distribuindo senhas para as sessões, 30 minutos antes do início das mesmas.

sábado, 16 de junho de 2012

"Salve a Liberdade", de Ernâni Alvarenga

 


 Recorda negro velho
tanto tempo que passou
e ninguém lembrou de você, só eu
Negro Velho na fazenda
na lavoura trabalhando
quando chega um cativo
meu senhor tá lhe chamando
lá vai negro-velho
dan, dan do rê, ô

O castigo do negro era triste
era de doer o coração (coração)
enquanto gemia no tronco
os outros de joelho no chão (sobre o chão)
implorava o seu perdão
Santo Deus
tenham dele compaixão, ê, ê, ê, ê, ê, ê, ê, ê.
Porém um dia o sol como nunca brilhava
ao ver em festa o terreiro da velha fazenda
negro largou ferramenta e já não trabalha
e as pretas jogavam pros lados almofadas e rendas
ei auê, auê, ei, auê, auê.
E a voz da princesa no espaço ecoava
enquanto os negros cantavam assim:

Salve a limbredade á
Salve a limbredade á
Salve a limbredade
povo dessa cidade
Salve a limbredade auê

(Primeiramente publicado, em 13 de maio de 2012, no http://ouroso.blogspot.com.br)

A desConferência de Alfredo Wagner no Cultura&Sustentabilidade do RIO+20

OS SABERES TRADICIONAIS E A CULTURA DA SUSTENTABILIDADE


por Alfredo Wagner




Publicado em maio 16, 2012  por Cultura & Sustentabilidade RIO+20

15 de Junho, de 9h30 às 12h30
 Local: Galpão da Cidadania



1 – Estamos assistindo nestas duas primeiras décadas do século XXI a uma intensa mobilização em torno da proteção da criatividade intelectual, que tem uma de suas manifestações mais expressivas nas lutas pelo reconhecimento dos saberes tradicionais. As produções intelectuais baseadas na tradição ganham uma nova significação com a globalização. Em torno delas tem-se mobilizações, buscando um reconhecimento internacional da igualdade jurídica da expressão intelectual dos homens.


2 – Uma noção ampliada dos saberes tradicionais compreende um conjunto de práticas e de saberes cotidianos, agrícola e ecológico, ligados à biodiversidade e às expressões folclóricas sob a forma de música, dança, cantos, artesanatos, desenhos, pinturas corporais, elementos de linguagem – com os nomes, as indicações geográficas e os símbolos das sequencias cerimoniais. Os saberes tradicionais não são estáticos, são dinâmicos e se transformam sucessivamente. Não são definidos por sua antiguidade, mas pela maneira como são adquiridos e utilizados. Considerando que são relacionais, não é possível, portanto, desenvolver uma única definição, exclusiva e fixa destes saberes como apregoam as interpretações evolucionistas.

3 – O respeito à diversidade cultural, o reconhecimento efetivo e a consideração de modos de vida e de pensar distintos são o pressuposto básico para a afirmação dos saberes tradicionais. Ao tratar desses saberes, não falamos exclusivamente do exemplo corriqueiro do conhecimento de povos indígenas sobre plantas medicinais, que interessam às indústrias farmacêuticas e àquelas de cosméticos. Consideramos relevante falarmos também dos saberes dos demais povos e comunidades tradicionais, como os quilombolas, as quebradeiras de côco babaçu, as comunidades de faxinais e de fundos de pasto, os ribeirinhos, os seringueiros, os castanheiros, os pescadores artesanais e os piaçabeiros. Estamos nos referindo aos conhecimentos de quebradeiras de coco babaçu que, detentoras de um sistema de saberes renovados no cotidiano, localizam as melhores palmeiras, “catam” e quebram o coco babaçu e dele aproveitam tudo, segurando sua reprodução física e social. Reafirmando seus saberes tradicionais, mobilizam-se para manter os ecossistemas das quais sobrevivem e o modo de vida ali construído, lutam para continuar sendo quebradeiras de coco babaçu. Estamos falando dos saberes e práticas das mulheres faxinalenses, para quem cuidar da saúde com ervas medicinais é um ato intermediado pela divindade que provê o dom de curar. Estamos falando da diversidade das línguas nativas e dos dialetos, das ricas expressões da nossa cultura manifestada nos artesanatos, nas danças, na culinária e nos rituais. Falamos de saberes que são renovados no cotidiano das pessoas e das comunidades e que são afirmados em nome de uma identidade coletiva.

No Brasil, o Decreto n.3.551/2000 institui o registro do patrimônio cultural. Através dele foi instituído o livro dos saberes, onde são inscritos os “conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades”. As noções de “enraizado” e “cotidiano” sugerem esta tradicionalidade sem reduzi-la às práticas mecânicas de repetição.

Uma indagação corrente: tal instrumento de registro tem sido visto positivamente pelos povos e comunidades tradicionais?

4 – O processo social de aprendizagem e de compartilhamento destes saberes é singular e corresponde às especificidades de cada povo e comunidade tradicional, consistindo no próprio fundamento de sua tradicionalidade. As regras de transmissão mostram-se variáveis, requerendo uma acuidade extremada para a compreensão dos costumes locais e para sua normatização.

5 – Com a emergência das modernas biotecnologias, os saberes associados aos recursos genéticos emergem como dotados de um valor econômico, cientifico e comercial até então ignorado. Tal emergência ocorre simultaneamente à ênfase na cultura da sustentabilidade, apoiado na Convenção de Defesa da Biodiversidade, de 1992. A sustentabilidade de que tanto se fala passa a ser vista como muito atrelada ao aspecto econômico do uso do meio ambiente.

Os saberes tradicionais indicam uma possibilidade econômica, mesmo aqueles que não são associados à biodiversidade?

6 – A erradicação da pobreza foi declarada pela ONU como meta para este novo milênio (cf. Declaração do Milênio, 2000) e a Convenção para a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, de 2005, classifica a cultura como um elemento de combate à pobreza. Com esta Convenção, os Estados se comprometeram a fomentar as indústrias culturais.

A cultura, a partir destas Convenções, se transforma em mercadoria? E o patrimônio cultural é um conjunto de bens? Bens, sim, mas de natureza especial, como afirma a Convenção de 2005, uma vez que expressam valores e identidades.

7 – Os saberes tradicionais se exprimem de maneira tangível (ex.artesanatos) ou intangível (ex. rituais) e as atuais mobilizações em torno deles simbolizam uma oposição entre uma produção anônima industrial de bens e serviços para as sociedades multinacionais regido pela rentabilidade financeira, e uma economia comunitária que assegura a sua sustentabilidade. Esta autonomia no produzir e a garantia da reprodução dos recursos, que caracterizam a sustentabilidade, autorizam que se fale hoje numa autoconsciência cultural como fator básico das mobilizações.

8 – Os saberes dos povos e comunidades tradicionais possuem um caráter coletivo e a sua aquisição por parte de terceiros (indústrias e laboratórios), deve ocorrer, segundo as disposições legais, através das disposições que regem os contratos baseados na justa repartição dos benefícios resultantes de seu uso.

9 – Ao empreender um trabalho exploratório para melhor compreensão das questões ligadas à propriedade intelectual em relação aos recursos genéticos, aos saberes tradicionais e às expressões do folclore, a OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual) tem colocado em pauta questões relativas a um consenso sobre os princípios e os objetivos da proteção dos saberes tradicionais. O instrumento da consulta, nos termos da Convenção 169 da OIT torna-se essencial para que possam ser explicitados os pontos de vista dos povos e comunidades tradicionais através sobretudo, dos movimentos sociais, sobre a natureza destes contratos, em cada situação específica, e seus efeitos sobre os recursos naturais e a própria vida comunitária.

Sobre o autor: Alfredo Wagner
Possui mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978) e doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1993). Atualmente é professor colaborador da Universidade do Estado do Amazonas-UEA, como professor e pesquisador do Centro de Estudos do Trópico Úmido-CESTU. Atuando principalmente nos seguintes temas: povos tradicionais,etnicidade, conflitos, movimentos sociais, processos de territorialização e cartografia social, Amazônia.


(Originalmente publicado em http://www.cultura.gov.br/riomais20/desconferencia/2012/05/16/os-saberes-tradicionais-e-a-cultura-da-sustentabilidade/)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Os papéis dos Negros nas Telenovelas



A televisão brasileira criou o culto à telenovela, que, importada em sua estrutura básica do México, assimilou nestas terras a qualidade do folhetim e foi a sucessora da novela transmitida pelo rádio.

Neste documentário do cineasta Joel Zito Araújo, assistimos, através de imagens de arquivo e de depoimentos diversos, os tabus e preconceitos enfrentados pelos atores negros pelo seu reconhecimento na história das telenovelas.

Quase sempre relegados a papéis secundários, fortemente calcados nos esterótipos criados por uma cultura eurocêntrica, a telenovela, o produto de maior audiência no horário nobre da TV brasileira, acabou por influenciar, sobremaneira, os processos de identidade étnica dos afrodescendentes brasileiros.

Documentário essencial para refletirmos na importância da TV na formação de esterótipos, criação de identidades e veículo formador de ideologias, "A negação do Brasil" é um trabalho sério de pesquisa para qualquer um que se interesse pelas questões raciais.

Como diz a crítica e escritora Maria Santos de Jesus:

 "A proposta do documentário é trazer à discussão os papéis representados pelos afro-descendentes, quase sempre  subalternizados, inferiorizados em função da pouca visibilidade e quando muito, representando estereótipos de jagunços, feitores, delegados e empregados domésticos.
Baseado nas informações do documentário, o que se vê diariamente nas telenovelas é a hipervalorização da matriz euro-descendente, tida como modelo de beleza estética e superioridade intelectual, em detrimento das matrizes afro e índio-descendentes, já que “os grupos de maior prestígio têm hegemonia cultural e tudo que diverge de suas concepções é desqualificado". (Est. Culturais, 2008).
Em entrevista ao programa Salto (Rede Brasil), Joel Zito afirma que “as pessoas, inconscientemente partilham a visão de que o belo, o culto, o desejável, o ser moderno, o ser Primeiro Mundo, é ser branco”. Arraigado na cultura brasileira, esse estigma é extremamente negativo para que o negro atue em papéis positivos que contribuam para a auto-afirmação da sua imagem.
"
(Márcia Santos de Jesus em "A Negação do Brasil: O Negro na Telenovela Brasileira - Análise crítica do filme")


Ficha de Informações do Filme

Título: A NEGAÇÃO DO BRASIL
Duração: 91 min
Ano: 2000
Cidade: Rio de Janeiro, RJ  País: Brasil
Gênero: Documentário
Cor: Colorido/PB

Ficha Técnica

Direção: Joel Zito Araújo
Roteiro: Joel Zito Araújo
Empresa(s) Co-produtora(s): Casa de Criação
Produção Executiva: Joel Zito Araújo
Direção de Produção: Joel Zito Araújo
Direção Fotografia: Adrian Cooper e Cleumo Segond
Fotografia de Cena: Não
Montagem/Edição: Joel Zito Araújo e Adrian Cooper
Técnico de Som Direto: Toninho Murici
Edição Som: Equipe Estúdios Mega
Mixagem: Equipe Estúdios Mega
Classificação Indicativa: 12 anos

Currículo do filme

Prêmios: Roteiro premiado pelo Concurso Nacional de Projetos de Documentários do Ministério da Cultura - 1999.
Prêmios de Melhor Documentário, Melhor Pesquisa e Premio Quanta da Competição Brasileira do É TUDO VERDADE - 6º Festival Internacional de Documentários - 2001. SP-RJ;
Troféu especial "Gilberto Freire de Cinema" e Troféu de "Melhor Roteiro de Documentário" do 5º Festival de Cinema do Recife - 2001.


(Informações obtidas no site da Programadora Brasil)

sábado, 9 de junho de 2012

Programação de filmes e oficinas para o mês de Junho



     Apresentamos a nossa Programação para este mês de Junho/2012:

18/06, segunda-feira, às 19:30: O SOL É PARA TODOS (racismo, preconceito, segregação e injustiça); Censura: maiores de 14 anos

19/06, terça-feira, às 19:30: HISTÓRIAS CRUZADAS (racismo, preconceito, segregação, injustiça); Censura: maiores de 14 anos

20/06, quarta-feira, às 19:30: MISSISSIPI EM CHAMAS (racismo, preconceito, violência, crime); Censura: maiores de 16 anos

21/06, quinta-feira, às 19:30: O SOL TORNARÁ A BRILHAR (segregação, injustiça); Censura: maiores de 14 anos

22/06, sexta-feira, às 19:30: ADIVINHE QUEM VEM PARA O JANTAR (preconceito, segregação); Censura: maiores de 14 anos

23/06, sábado, às 19:30: FAÇA A COISA CERTA (racismo, preconceito, segregação, violência); Censura: maiores de 16 anos

OBSERVAÇÃO: A Coordenação da Casa de Leitura Lya Botelho se reserva o direito de exigir comprovação de idade dos espectadores, mediante documento legal (não se aceita xerox), por obediência às normas da Censura.

      Ainda que essas sessões de vídeo estejam programadas para serem exibidas no período noturno e para um público heterogêneo, elas podem ser agendadas previamente pelas escolas e demais instituições interessadas em exibirem para grupos de alunos, professores, estudantes universitários, membros de grupos, clubes e associações, nos horários que lhes forem mais convenientes.

*Lembramos que nossa sala de vídeos comporta um máximo de 30 pessoas e que essa listagem de filmes só poderá ser exibida na semana de 18 a 23 de junho. Os agendamentos deverão ser feitos por e-mail endereçado a casadeleitura@gmail.com , com a data, o horário e o número de pessoas que estarão presentes.

      Comunicamos, ainda, que no dia 22 de junho, sexta-feira, a Profª Natania Nogueira estará ministrando uma Oficina: “Racismo e Ideologias Políticas nas Histórias em Quadrinhos”, para Professores, Supervisores e Diretores da rede escolar, pública e privada, de Leopoldina.
Essa é uma excelente oportunidade de conhecer e avaliar, através do conhecimento da historiadora e pesquisadora, a forma com que as revistas em quadrinhos e as tirinhas lidam com as questões como a xenofobia, o racismo, preconceito ou reafirmação da superioridade de algum grupo étnico através da História.
      As inscrições gratuitas (20 vagas) para esta Oficina deverão ser feitas através do e-mail casadeleitura@gmail.com

Este Projeto e os eventos que fazem parte de seu escopo são apoiados pela Fundação Ormeo Junqueira Botelho e patrocinados pela ENERGISA.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Casa de Leitura Lya Botelho apresenta a Mostra de Filmes: "Raça, Cor e Intolerância no Cinema Mundial"



Começa em Junho, na Casa de Leitura Lya Botelho, a Mostra de Filmes "Raça, Cor e Intolerância no Cinema Mundial" como parte dos Eventos Paralelos do Módulo 1 (O negrro e sua importância na formação de Leopoldina-MG) do "Projeto Memória e Patrimônio Leopoldina-MG", desenvolvido pela Casa de Leitura Lya Botelho.

Clássicos como : "O sol tornará a brilhar" (A raising in the sun), "O sol é para todos" (To kill a mockingbird), "Adivinhe quem vem para o jantar" (Guess who's coming to dinner), "Mississipi em chamas" (Mississipi burning), "Faça a coisa certa" (Do the right thing) e o novíssimo "Histórias Cruzadas" (The help), serão exibidos na semana de 18 a 23 de junho, sempre às 19:30h, na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / Centro Leopoldina-MG).

Após as exibições a audiência será convidada a participar dos debates sobre o filme apresentado, discutindo-o com profissionais ligados ao meio cinematográfico e, também, líderes comunitários, professores, historiadores e sociólogos.

A entrada é grátis, porém senhas serão distribuidas 30 minutos antes de casa sessão.
A capacidade máxima da sala é de 30 pessoas.
Atenção: confira a censura do filme a cada dia.

Este projeto tem o apoio da FUNDAÇÃO ORMEO JUNQUEIRA BOTELHO e o patrocínio da ENERGISA.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Racismo e Ideologias Políticas nas Histórias em Quadrinhos: uma oficina com a Profª Natania Nogueira



As tirinhas e as revistas em quadrinhos, como qualquer forma de arte, são um produto da geração que as criou. Em alguns casos, é bom ver o Capitão América usar de todo o seu patriotismo norte-americano para dar uns chutes nos traseiros dos nazistas. Em outros casos, no de um chefe indígena...

Ainda assim, como a própria sociedade, os quadrinhos se esforçam para seguir em frente, evoluirem e se afastarem dos pecados do passado. Claro que quadrinistas, desenhistas, editores fizeram algumas decisões raciais bastante ruins ("Devemos chamar todo super-herói negro de "Negro Isso ou Aquilo", pois assim então todo mundo saberá que eles são negros"), mas pelo menos eles tentaram progredir.
Ainda que suas tentativas de abordagem de questões raciais sejam equivocadas ou mal elaboradas, você não pode culpá-los por tentar, certo?

Oh, espere um pouco: é claro que você pode!

Vejam abaixo, extraído de um artigo chamado "Os 5 menos intencionalmente ofensivos personagens das revistas em quadrinhos", escrito por David Johnson no site Cracked.com:


Lois Lane, a eterna namorada do Super Homem, transforma-se numa negra e, surpreendentemente, volta a ser branca!




Na edição nº 106 da revista em quadrinhos "Lois Lane, a namorada do Super Homem" ( Superman's Girlfriend Lois Lane ), os criadores e editores tentaram resolver o problema racial de uma vez por todas. Lois Lane vai para o bairro africano (Little Africa) de Metrópolis (semelhante ao Harlem, em Nova York) fazer uma reportagem sobre alguma coisa que, na história, nunca fica esclarecida, apenas que ela está indo para lá para, também, aprender sobre "negritude", esperançosa em ganhar o prêmio Pulitzer por isso. "Nossa, meus leitores vão amar saber o quanto oprimidos e pobres vocês são!"

Lois entusiasmada, se vangloria, enquanto Clark Kent se pergunta se "negros" podem ser tecnicamente considerado um enunciado de tese.


Lois circula pelo bairro africano, mas todo mundo a evita ou a chama de "Branquela, a inimiga."




Lois conclui que isso não tem nada a ver com o seu interesse em pedir às pessoas para contar-lhe o que é ser  negro e tudo o mais, mas simplesmente porque ela é branca. Então ela pede ao Super Homem que mude a cor da sua pele por um dia com seu Transformoflux, de maneira que ela possa compreender melhor o que significa ser negro.


Super Homem tenta esclarecer: "Como é que você me acusa de racismo quando eu sou o únio alienígena neste planeta?"


Então, no que isso acaba dando?

Esses quadrinhos claramente tinham um objetivo. É óbvio que os criadores queriam enviar uma mensagem de aceitação e, ainda que a idéia de "nós não somos tão diferentes, você e eu", permanece, certamente, intacta, é a pobre, ignorada população negra, na história, que aprende a lição . Lois surge como uma mulher branca e bem-intencionada, mas é ignorada. Transforma-se em uma garota negra e passa a ser convidada para festas. Ela nunca reconhece que se mostrando como uma privilegiada mulher branca que considera a cultura negra "bacana" pode parecer ignorância. Ela não consegue pensar "Ei, eu acho que as minhas perguntas arrogantes, insensíveis foram, em algum momento, rudes," mas, por isso mesmo, acaba concluindo que os negros odeiam os brancos sem nenhuma razão. Isso, obviamente, não passa nenhuma mensagem de tolerância, mas acaba afirmando que "as pessoas negras são racistas." E, também, que o Super Homem deveria usar os seus poderes em causas mais importantes.




Na sua pesquisa, a agora negra Lois Lane conhece uma família pobre que a recebe por algum tempo, Eles estão passando por um período muito difícil, mas são as pessoas mais doces e otimistas no mundo. Lois Lane reage de forma grosseira e insensível:

"Desculpem-me, mas eu estou muito comovida em ver como a vida que vocês levam é horrorosa".


Obviamente a mulher está sorrindo e tem um bebê saudável, mas isso não impede que Lois pense em como verdadeiramente terrível sua vida é. Ela não consegue parar de chorar só em pensar na vida miserável que essas pessoas negras levam ...

Lois também se depara com um jardim de infância improvisado e um ativista (que, quando ela, Lois, era branca, a chamou de "a inimiga"). Eles tem um contato extremamente amigável , até que ele, o ativista, é baleado por alguns traficantes de drogas. Observação: mesmo que Super Homem deixe claro nos quadrinhos que, como estrangeiro, ninguém, mais do que ele, sabe o que é ser "diferente", isso não muda o fato de que ele claramente poderia ter salvo o ativista de levar um tiro:

"Não se preocupe, Lois, eu te trago de volta ao que você era. O rapaz negro, ele... ele parece que está com tudo sob controle. Tudo bem?"

Lois Lane doa seu sangue para salvá-lo e no momento em que ele está para recuperar os sentidos, sua cor negra começa a desaparecer e ela vai-se tornando branca, novamente.

Este é o grande momento destes quadrinhos. Continuará o rapaz negro a chamá-la de "a inimiga", mesmo depois dela term, valentemente, doado seu sangue para ajudá-lo, ainda que ela seja uma mulher branca? Ela fica sinceramente preocupada com isso. Ela sente-se insegura ao pensar se o homem é esclarecido o suficiente para percebê-la, além da cor da sua pele, como uma mulher trabalhadora, rica e bem sucedida, que salvou a sua vida.



Ele consegue ver isso! Hoje ele aprendeu uma valiosa lição: repórteres que surgem por aí, acreditando que a maneira que você é obrigado a viver é consequência de circunstâncias raciais socioeconomicamente prescristas, podendo, com essa história vir a entreter seus leitores brancos e privilegiados, devem ser tidos como confiáveis e receber sua atenção. Afinal, você nunca sabe quando uma pessoa branca poderá ajudá-lo, se eles acharem que devem. Portanto, seja bonzinho com eles e respondam às suas perguntas.


E assim, de maneira subliminar, os gibis, as tirinhas, as revistas em quadrinhos, também podem colaborar para exaltar a superioridade branca, criando personagens até simpáticos e superficialmente bem intencionados, mas cujo comportamento e ideologia traz um ranço de preconceito, ou desprezo com  outras etnias.

Para discutir e entender melhor esse assunto, a Casa de Leitura Lya Botelho convidou a Profª Natania Aparecida Nogueira para, no dia 22 de junho de 2012, em parceria com a Gibiteca Escolar, oferecer a oficina (gratuita) Racismos e Ideologias Políticas nas Histórias em Quadrinhos para professores da rede municipal, pública e privada do ensino fundamental ao Médio.
A proposta da oficina é explorar junto aos professores as várias possibilidade de se trabalhar temas atuais como a guerra, os racismos, a ecologia, dentre outros utilizando o recurso das histórias em quadrinhos. A Profª Natania Nogueira é coordenadora da Gibiteca E. M. Judith Linz Guedes Machado, de Leopoldina-M.
Essa oficina é parte integrante do Projeto Memória e Patrimônio Leopoldina-MG / Módulo 1: A importância do Negro no desenvolvimento sócio-econômico e cultural de Leopoldina, a ser desenvolvido pela Casa de Leitura Lya Botelho, entre os meses de Junho a Novembro de 2012, em conjunto com as escolas da rede pública e particular do município.

Período: das 14 às 17 horas no dia 22 de Junho, sexta-feira.
Vagas: 20 (gratuitas)
Local: Casa de Leitura Lya Botelho ( R. José Peres, 4 / em frente à Praça Félix Martins /  Leopoldina-MG)

As inscrições podem ser feitas no local ou pelo e-mail: gibitecacom@gmail.com ou casadeleitura@gmail.com

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Curso de Introdução à Religiosidade de Matrizes Africanas, em Cataguases-MG

   

     Com a chancela da UNEGRO,  o apoio da Fundação Ormeo Junqueira Botelho e patrocínio da ENERGISA, além da presença de representantes de diversas organizações de afrodescendentes, professores e estudantes de História, a Coordenadora de Assuntos Religiosos da UNEGRO-União de Negros pela Igualdade, Iyanifá Ifadàará Nylsya dos Santos, de Belo Horizonte-MG ministrou, no Centro Cultural Humberto Mauro (Cataguases-MG) um Curso de Introdução à Religiosidade de Matrizes Africanas.

     O evento ocorreu no último sábado, dia 2 de junho, com uma carga horária de 8 horas, que mostraram serem poucas diante da grande cultura e facilidade de comunicação demonstradas pela ministrante, e devido ao enorme interesse pelo assunto demonstrado pela audiência.

     Tendo realizado os ritos finais de sua formação como sacerdotisa dos rituais religiosos de matriz africana, Nylsya dos Santos fez um retrospecto tanto antropológico como sociológico do surgimento, evolução e diáspora da raça negra, e o impacto da sua cultura na de outros povos, especialmente o europeu e o brasileiro.

     Sua aula abrangeu as diferenças e similitudes entre o Catolicismo, o Judaísmo e o Islamismo com as religiões oriundas do continente africano. Inclusive o surgimento de uma religião tipicamente brasileira, a Umbanda, com determinados ritos e divindades de inspiração africana e largo sincretismo com a religião católica, foi tema de esclarecedoras explicações da palestrante.

     O preconceito sofrido pelos adeptos dessas religiões consideradas "primitivas", em muito reside no fato de nos esquecermos que "primitivo" é sinônimo de "primeiro", "primevo", aquilo que existe de forma mais pura, inicial, sem os acrécimos e subtrações que a, assim chamada "civilização", causa.

     Num país como o nosso, onde a população negra é numéricamente muito expressiva, e cuja cultura influenciou de forma muito significativa a cultura eurocêntrica implantada, à força, pelos colonizadores, a oportunidade de estabelecer comparações, reconhecer fatos e respeitar diferenças, é de enorme valia e, certamente, colabora para que não vivamos na "cegueira branca", conforme Saramago.

     A Iyanifá Ifadàará, Nylsya dos Santos, a convite da Presidenta Dilma Roussef, ocupará, a partir da próxima semana, uma das cadeiras do Conselho do Ministério da Assistência Social e do Trabalho, em Brasília, representando a UNEGRO.

     Parabéns a todos os envolvidos na vinda dessa especialista em religiosidade africana e que outras possibilidades de aprendizagem e troca de informações, como essa, continuem a acontecer na nossa região.


Obs.: Na foto, o cineasta leopoldinense Lucas Mendonça e um dos coordenadores da Casa de Leitura Lya Botelho, Alexandre Moreira.

sábado, 2 de junho de 2012

Reunião ( I )


     Dia de reunião na Casa de Leitura Lya Botelho.

     Maria Lucia Braga e Alexandre Moreira, coordenadores do espaço criado pela Fundação Ormeo Junqueira Botelho e mantido pela ENERGISA, estiveram reunidos com a pesquisadora e professora de História, Natania Aparecida Nogueira e com o cineasta, Lucas Mendonça, graduado pela PUC-RIO e que serão os responsáveis pelas Oficinas de Pesquisa, Roteiro, Filmagem e Edição, que acontecerão a partir de agosto, na Casa de Leitura Lya Botelho.

     Essas oficinas, oferecidas aos alunos do Ensino Médio  matriculados nas escolas públicas e particulares de Leopoldina, serão realizadas nos meses de Agosto, Setembro e Outubro e irão propiciar o conhecimento necessário para a produção de 5 curtas-metragens sobre aspectos do Patrimônio Histórico, material e imaterial da cidade. Esse material será apresentado, em primeira mão ao público, no dia em que é lembrado Zumbi dos Palmares, 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, e farão parte do acervo do Memorial Leopoldina.

     A professora Natania também estará participando da programação dos eventos paralelos desse Projeto com "O Negro e os Movimentos Sociais nas Histórias em Quadrinhos", uma oficina para professores e supervisores da rede escolar do município, e demais interessados, dia 22 de Junho, sexta-feira, das 14:00 às 17:00h. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas, por e-mail, fornecendo nome, função/cargo, telefone de contato: casadeleitura@gmail.com

     Enquanto isso, o cineasta Lucas Mendonça estará fazendo a curadoria dos filmes e documentários que serão exibidos, de Junho a Novembro, abordando assuntos decorrentes dos temas propostos pelo projeto. Uma seleção de grandes nomes do cinema nacional e internacional, que escreveram e produziram filmes abordando a questão do Negro, seus mitos e heróis, sua cultura e personagens ilustres, mas que não deixaram de lado temas complexos como a discriminação, o preconceito e suas, quase sempre trágicas, consequências,fazem parte desse verdadeiro festival de cinema.

     E assim continuam as reuniões, os contatos, os encontros, as discussões, tudo objetivando fazer desse Projeto uma verdadeira aula de cidadania para todos e uma oportunidade para os nossos estudantes participarem, ativamente, desse resgate de uma importante parcela da história da nossa cidade e região.

Lideranças ( I )



     Quem esteve na manhã de ontem, dia 31 de maio, na Casa de Leitura Lya Botelho, foi o Sr. Amaury Santos, ativo membro da comunidade negra de Leopoldina, a convite dos Coordenadores Maria Lucia Braga e Alexandre Moreira.

     Foi feita uma apresentação de todo o Projeto Memória Leopoldina (Módulo 1) para o ilustre convidado, inclusive do conteúdo pedagógico do mesmo, bem como da extensa programação de atividades que envolverão, não apenas as escolas públicas e particulares do município, mas todos os seus cidadãos.

     O que a Coordenadoria da Casa de Leitura Lya Botelho pretende é, através dos Módulos constituintes desse amplo Projeto de Memória Leopoldina, pesquisar, organizar e formatar conteúdos que preservem a nossa história, através de todos os elementos que a compõem. Portanto, num espectro de múltiplas possibilidades, decidiu-se iniciar pelo módulo que abrange uma das maiores etnias do local, os negros.

     Representando mais de 60% da população de Leopoldina, a comunidade negro carrega consigo um legado histórico de valor inestimável e sua participação na construção sócio-econômica-cultural do município deve receber o mérito devido. Desejamos, portanto, que as lideranças negras, os líderes comunitários, representantes de órgãos públicos, cientistas sociais, antropólogos, historiadores, produtores culturais, se aglutinem em torno desse Projeto e tragam a sua contribuição efetiva para esse nascente acervo. Que os nossos estudantes, representantes das novas gerações de leopoldinenses, possam sentir que a história oral e escrita, os fatos documentados ou lembrados, são cuidadosamente preservados e zelosamente transmitidos pelos guardiães dessas informações, num processo contínuo, que flui com o rio da história.

     Outros Módulos certamente virão, cada um abordando um dos aspectos constituintes do mosaico que é o nosso Patrimônio Cultural. Ao final, teremos atualizado e enriquecido o acervo da nossa história, com novos dados e conteúdos, propiciando a criação de um verdadeiro e merecido Memorial para a nossa cidade.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

O Projeto

 

     Junho começando e a Coordenação da Casa de Leitura Lya Botelho, de Leopoldina-MG, iniciando um novo Projeto, desenhado para que possa incentivar nos alunos do Ensino Médio das escolas da rede pública e particular do Município de Leopoldina-MG, a pesquisa, coleta de dados, organização e elaboração de conteúdos para a construção de um "Memorial Leopoldina", onde se preserve a história do nosso povo, da nossa gente.

     Enquanto Projeto, visa atender  alguns requisitos:
  1. incentivar aos alunos das escolas públicas e particulares de Leopoldina, e seus distritos, à pesquisa, ao conhecimento e valorização do seu Patrimônio Histórico, tanto material quanto imaterial;
  2. formar um acervo de documentários, gravações, depoimentos, fotografia e documentos vários sobre a contribuição do negro à formação e à cultura leopoldinense;
  3. proporcionar aos alunos do Ensino Médio das escolas públicas e particulares de Leopoldina, o conhecimento da teoria e prática da filmagem/gravação documental; proporcionar condições para que esses alunos tenham estejam munidos de informações e material necessário para realizarem suas pesquisas, fazerem as entrevistas e produzirem seus documentários;
  4. incentivar a leituram disponibilizando uma biblioteca, para leitores entre 7 e 16 anos, de títulos voltados à questão da identidade racial;
  5. oficinas de artes, artesanato, culinária para os alunos da rede de ensino, pública e particular, de Leopoldina-MG;
  6. estimular a ampliação desse debate através de palestras e mesas de debate com antropólogos, sociólogos, historiadores, lideres ativistas locais e a comunidade em geral;
  7. proporcionar uma ampla discussão sobre o papel do negro dentro da sociedade através de uma seleção de filmes de ficção e documentários, a serem exibidos os alunos das escolas públicas e priovadas do município, grupos e associações, e demais membros da sociedade;
  8. promover o resgate e a divulgação da cultura dos afrodescendentes através de espetáculos de dança, saraus literários, de apresentações de grupos folclóricos, de grupos musicais, do conhecimento da reliosidade afro-brasileira, da exposição do artesanato e das demonstrações de capoeiristas;
  9. abrir espaço para a discussão da aplicação da Lei nº 10.639, aprovada em 2003 pelo Congresso Nacional, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tornando obrigatório o ensino de história e cultura da África e das populações negras brasileiras nas escolas de ensino fundamental e médio de todo o país; 
  10. e, finalmente, através dessas e outras ações paralelas, proporcionar, aos afrodescendentes e à populção local, o reconhecimento do valor e importância da contribuição negra para o município, região, estado e país, como um Patrimônio a ser preservado e constantemente acrescido e lembrado.
      Trabalhando diretamente com a Coordenadoria da Casa de Leitura Lya Botelho, na realização de Oficinas para a criação dos vídeos documentais, está a Profª Natania Aparecida da Silva Nogueira, pesquisadora, autora e professora de História, e Lucas Mendonça, graduado em Cinema pela PUC-RIO.

     Esse Projeto de Resgate da Memória de Leopoldina-MG surge da identificação de ainda existirem grandes áreas  passíveis de  aprofundamento do conhecimento, quando se trata da memória individual e coletiva, bem como da história, do Município de Leopoldina. Acreditamos que esse trabalho de pesquisa, catalogação, arquivamento, exposição e divulgação do Patrimônio Cultural, material e imaterial da cidade, poderia receber a valiosa e ativa colaboração dos seus próprios habitantes, neste caso, dos estudantes do Ensino Médio das escolas locais. Através de Oficinas de Documentário e de Redação, Palestras sobre temas específicos, Mostras temáticas de filmes, criação de dispositivos de Divulgação (site, blog, transmissão de vídeo on-line, programas radiofônicos, etc) e demais Ações Paralelas (shows musicais, lançamentos de livros, visitas monitoradas, etc), esses jovens cidadãos pudessem sentir-se motivados a resgatar a própria história através de um maior conhecimento, advindo da discussão das suas próprias raízes.


     Todo cidadão da nossa comunidade está, desde já, convidado a participar e trazer sua colaboração para este Módulo 1, do Projeto (que é constituído de outros módulos ou etapas a serem realizadas no futuro), e que se encerrará com uma grande mostra a acontecer entre os dias 20 e 25 de novembro, na Casa de Leitura Lya Botelho.