segunda-feira, 9 de julho de 2012

DRUM: um libelo em favor das causas humanitárias


     A Casa de Leitura Lya Botelho, dando continuidade à Mostra de Cinema Africano "ÁFRICA: UM OUTRO OLHAR", exibe na noite deste dia 9 de julho, segunda-feira, às 19:30h, a biografia filmada do jornalista sul-africano Henry Nxumalo realizada em 2004  pelo diretor Zola Maseko

     "DRUM" é um filme sobre a vida de Henry Nxumalo, jornalista investigativo famoso nos anos 50 em Sophiatown, bairro símbolo da resistência cutltural em Joanesburgo. Ele trabalhava em uma revista negra considerada intelectual ou "cult", "DRUM", verdadeira arma de mídia na época.

Capas de algumas das edições da revista sul-africana DRUM.

     Durante esta época, toda uma geração de autores, críticos, músicos e jornalistas exigentes sul-africanos surgiu e se expressou nessa resistência. Henry Nxumalo arriscou a vida denunciando as condições de tratamento dos negros que viveram e trabalharam durante os anos de segregação, apesar do assédio constante por parte das autoridades.



     Henry Nxumalo nasceu em 1917 em Margate, Natal, África do Sul e frequentou a Mission Fascadale School. Mostrando talento precoce como escritor, ele apresentou várias amostras de seu trabalho para publicações e como resultado lhe foi oferecido um emprego pelo jornal Post em Johanesburgo, que havia publicado algumas de suas contribuições anteriores.

      Alistou-se no Exército Sul-Africano, quando a Segunda Guerra Mundial estourou e foi enviado ao Egito, onde as forças Sul-Africanas estavam combatendo no Deserto Ocidental.

      Houve frustração em seu retorno à África do Sul, pois existiam poucas oportunidades para jornalistas negros, devido às restrições do apartheid. A maioria das publicações voltadas ao público negro eram controladas por interesses comerciais brancos e nenhuma delas ofereceu espaço para o tipo de investigação jornalística que Nxumalo tinha em mente realizar.

      Em 1951, o editor Jim Bailey criou a lendária revista DRUM, com Anthony Sampson como editor, e convidou Henry Nxumalo para o cargo de editor-assistente.


Henry Nxumalo e o seu obitúário, publicado em revista sul-africana

      Porém, a especialidade de Henry era o jornalismo investigativo. Empregando-se nas fazendas de batata, expôs as condições precárias (quase escravidão) vividas pelos trabalhadores negros. Preocupado com a falta de lei em Joanesburgo, ele iniciou um processo de agitação popular para combater esses erros e desvios e apelou ao apoio da polícia. Ele acabou sendo preso e foi enviado para a prisão central emJoanesburgo. O artigo resultante descrevendo as condições da ala onde os prisioneiros ficavam e as degradantes condições das revistas em prisioneiros nus foram notícia internacional Ele, novamente, conseguiu trabalho em uma fazenda onde um trabalhador Africano foi espancado até a morte com um pedaço de cano. Sua investigação sobre o possível apoio da  Igreja ao regime do apartheid mostrou a diferença entre o preconceito e o evangelho do amor fraterno.

      Em 1957, Henry estava investigando uma rede de clínicas de aborto quando ele foi assassinado por assaltantes desconhecidos.

      Em 2004, o nome da Rua Goch em Newtown, no centro cultural de Joanesburgo, foi alterado para Rua Henry Nxumalo Street.

Zola Maseko, diretor de "DRUM".



      "DRUM" foi o primeiro longa metragem do diretor Zola Maseko. Originalmente, foi concebido para ser uma série de 6 episódios chamada "Sophiatown Short Stories", mas por falta de orçamento, foi convertido em um filme. Com exceção dos dois protagonistas, interpretados pelos atores norte-americanos Taye Diggs e Gabriel Mann, a maior parte do elenco é formada por atores sul-africanos. O ator Lindane Nkosi faz o papel de Nelson Mandela.

     Zola Maseko nasceu em 1967 no exílio, mas nos finais dos anos 1980 junta-se à facção armada do ANC na luta contra o regime sul-africano do apartheid. Depois de estudar cinema e televisão no Reino Unido regressa à Africa do Sul, onde realiza “The Foreigner” (1994), o seu primeiro curta-metragem de ficção que aborda a xenofobia no seu próprio país. Seguem-se dois documentários sobre Sarah Baartman, a mulher que ficou conhecida como a Vénus Hotentote, uma história cruel do século XIX sobre racismo e exploração. “A Drink in the Passage” (2002) assinala a consagração de Maseko no FESPACO, onde recebe o prémio especial do júri, mas é com “DRUM” (2004) que recebe o seu prémio máximo, o "Corcel de Ouro", em Yennenga.

SERVIÇO:
Filme: "DRUM", do diretor Zola Maseko
Quando: dia 9 de julho, segunda-feira
Horário: 19:30h
Local: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / Leopoldina-MG)
Entrada grátis
Censura: 16 anos

Apoio Cultural:

 Apoio, Realização e Patrocínio:



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